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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Toyota simplifica RAV4 para aparecer entre os SUVs


A estratégia já é mais do que manjada no mercado brasileiro. Um carro acaba de ser lançado, mas para trabalhar a “imagem” do produto primeiro a marca envia às lojas as versões mais sofisticadas, mais equipadas e quase sempre mais bonitas. Com o carro bem visto nas ruas, as montadoras dão o passo seguinte e colocam no mercado as opções mais simples do mesmo veículo. Por mais subjetivo que isso possa parecer, a ação é crucial no sucesso ou fracasso de um novo automóvel e referências não faltam, tanto positivas como negativas.

A Renault, por exemplo, errou a mão ao lançar primeiro as versões mais simples do Mégane II e meses depois o modelo mais requintado. Resultado: o sedã nunca emplacou bem. Já a Volkswagen se encontra em pleno processo de promoção da picape Amarok, que estreou em 2010 com a cintilante série Highline e somente neste ano ganhou opções básicas. A Toyota, porém, desafia todas as táticas de marketing vigentes. O que dizer do RAV4, que somente após 5 anos de seu lançamento no Brasil recebeu a companhia de uma versão mais simples?


E bota simples nisso. Para ficar mais barato, o SUV japonês perdeu uma infinidade de itens de conforto e mecânicos. Foram-se o teto solar elétrico e os airbags laterais e de cortina e o banco do motorista não tem ajuste lombar. Nem o parabarro foi perdoado. Mas ele também pouco será útil, uma vez que essa versão do RAV4 também dispensou a tração 4x4: o veículo tem apenas as rodas dianteiras tracionadas. Toda essa economia baixou o preço do modelo de salgados R$ 107.000, tabela da versão top, para R$ 92.500.

Ao entrar na faixa dos R$ 90.000, o modelo da Toyota explora um segmento em franca expansão. Mas chegou atrasado. O segmento hoje desponta com modelos como os novos Kia Sportage e Hyundai ix35, além de outros rivais tradicionais como o Chevrolet Captiva, Honda CR-V, mais atualizados e até certo ponto mais equipados. Mesmo assim as vendas do RAV4 subiram como nunca. Em apenas 3 meses vendeu mais de 1.110 unidades, mais da metade de todo volume de 2010. Parece ter dado certo. Vamos ver então como ele acelera.

Padrão Toyota de ser

Embora tenham passado por uma fase turbulenta de recalls, os carros da Toyota estão longe de serem ruins. Há anos a marca é conhecida pela confiabilidade de seus produtos, algo que o RAV4 transmite ao motorista com sua robustez e o cuidado em sua construção. É um SUV muito rígido e sua suspensão (com braços independentes na traseira e barra estabilizadora) tem bom acerto tanto para rodar com conforto na cidade como para encarar uma certa terra nos finais de semana. Mas é preciso bom senso, esse carro conta apenas com as rodas da frente tracionadas, o que dificulta para atravessar, por exemplo, grandes trechos de lama ou um rio, mesmo raso.

A versão mais simples do RAV4 mantém o mesmo motor do modelo mais equipado, que tem bloco 2.4 litros de 170 cavalos de potência a 6.000 rpm e 22,8 kgfm de torque a partir dos 4.000 rpm. São bons números, mas a força máxima citada só aparece em giros altos, exigindo do motorista mais tempo com o pé no acelerador o que também faz o veículo consumir mais gasolina. Dados da Toyota apontam 9,3 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada. A média fica em 11 km/l. Na versão 4x4 o gasto com gasolina é naturalmente superior. Porém, saber o consumo instantâneo do carro é impossível, uma vez que o computador de bordo também foi excluído na série 4x2. Ao menos o modelo mantém as “rodonas” aro 17”.

Contribui mais ainda para a simplicidade do RAV4 o câmbio automático com apenas 4 marchas, uma concepção já um tanto ultrapassada para um carro que beira de R$ 90.000. As trocas são até rápidas e sem trancos, mas a transmissão tem relações muitos longas. Tem-se a impressão de que falta uma marcha ou duas, principalmente em momentos de redução no modo sequencial ou então quando se está na estrada em velocidade de cruzeiro. A 110 km/h o motor já gira acima dos 4.000 rpm.

Corolla jipe

Boa parte do acabamento e conforto do RAV4 com tração dianteira lembram em muito detalhes do Corolla. O volante é o mesmo, pequeno para um SUV, mas com manejo bastante direto e leve – o sistema tem assistência hidráulica. Os bancos revestidos de tecido também remetem aos assentos do sedã, assim como o acabamento plástico do painel.

O grande trunfo da cabine é a área generosa para até cinco ocupantes. Quem viaja no banco traseiro tem ainda mais conforto. Mesmo com os assentos frontais totalmente deslizados para trás, o espaço na porção posterior ainda é muito bom. Os mimos, entretanto, são poucos e causam pouco impressionam. Os únicos luxos de destaque são o ar-condicionado duas zonas (apenas para motorista e passageiro) e o sistema de som com conexão Bluetooth para celular.

Se o carro é uma boa compra ou não depende do cliente. Quem gosta da Toyota pode muito bem saltar do Corolla (ou outro modelo da marca) para um RAV4 4x2. A adaptação não será difícil, ainda mais para quem roda apenas na cidade. No entanto, comparado a concorrência o atraso da versão 4x2 é um duro golpe, pois está defasada em alguns pontos. Mesmo assim, a estratégia da marca japonesa, ao que sugere o crescimento das vendas, acertou na mosca.
Fonte: iGcarros

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