O mercado brasileiro de picapes médias passa por um momento bastante agitado. A Nissan provoca os concorrentes com propagandas da Frontier, enquanto GM e Ford preparam os lançamentos da Colorado, a substituta da veterana S 10, e a nova geração da Ranger. Até a Volkswagen entrou na jogada com a Amarok que, aos poucos, vai marcando presença no segmento. No meio desse bolo, e com uma grande fatia, também existe a Toyota com a Hilux, consolidada no nicho das camionetes com motor diesel.
Segundo a fabricante japonesa, a Hilux domina 50% do ramo das picapes com motor diesel no Brasil. Em 2010 a montadora vendeu mais de 30.000 unidades do veículo nessa configuração. Mas em certos momentos também é preciso mexer em time que está ganhando. De todas as opções do nicho, o modelo da Toyota, apesar dos bons números de venda, é o mais apagado perante o que está acontecendo em seu filão. Por isso, nada como um bom facelift para reacender a chama do produto e voltar a atrair os holofotes.
Essa é a missão da linha 2012 da picape e, para cumpri-la, o time de desenhistas da montadora foi convocado para criar uma versão repaginada do veículo. Para se tornar um “carro novo” de novo, a Hilux ganhou uma grade frontal claramente inspirada no visual do Camry 2011, molduras de caixas de rodas mais avançadas e um novo padrão de cores para as lanternas – o utilitário SW4 2012 contém as mesmas alterações. A última reformulação foi em 2008.
Na cabine a novidade – somente para os modelos SRV - é o sistema multimídia com tela touch screen no painel com reprodutor de CD e MP3, além de entradas auxiliar e USB. O equipamento, porém, não tem GPS. Há também a nova versão SRV TOP, que contempla mais itens de segurança. São eles os controles eletrônicos de tração (TSC) e estabilidade (VSC) e freios ABS com auxílio de EBD (distribuição de frenagem nas rodas por demanda) e BAS (assistência em frenagem de emergência).
O pessoal da engenharia da Toyota também foi chamado para ajudar no projeto da linha 2012 da Hilux, mas eles ainda não terminaram o serviço. A montadora prepara para o primeiro trimestre do próximo ano que vem o lançamento da picape, enfim, com motorização flex. O motor 2.7 VVT-i, que antes bebia apenas gasolina, também aceitará etanol. De acordo com a fabricante, o bloco otimizado rende até 163 cv com o combustível vegetal.
Test-drive do facelift da Hilux diesel
As alterações contidas da linha 2012 da Hilux estão apenas na “casca”, por isso o desempenho do veículo não mudou uma vírgula sequer na comparação com a gama anterior. Fomos a bordo da nova série SRV TOP cabine dupla, que mantém o motor 3.0 16V turbodiesel de 163 cv a 3.400 rpm e torque máximo de 35 kgfm entre 1.400 rpm e 3.200 rpm. Pode parecer bastante potência e a faixa de torque é bastante plana, mas a picape também é bem pesada: 1.935 kg.
Essa geração da picape, quando chegou em 2005, impressionou pelo desempenho, mas as montadoras rivais já têm modelos mais fortes. O produto da Toyota também está atrás no quesito transmissão. A versão automática é daquelas que ainda usam posições fixas para a segunda e terceira marcha, além do modo L – a concorrência já possui câmbios seqüenciais. Não chega a ser ruim, mas já é algo antiquado e defasado, assim como o acionamento manual da tração 4x4 e a caixa de redução. Um simples botão seria mais apropriado para o momento.
A principal novidade da cabine, o monitor de LCD no painel, é boa de noite e ruim de dia. Ele é inclinado para o alto e não há nenhuma espécie de para-sol na parte superior, por isso quando se dirige com o sol a pino à frente do veículo não é possível enxergar absolutamente nada na bendita tela. Além disso, o novo item não combina com os mostradores (relógio e temperatura) de cristal líquido logo acima do equipamento. Eles, ao menos, são visíveis.
Caro demais
Basicamente os mesmo veículos desde 2005, a Hilux e seu par SW4 nas versões SRV TOP pegam pesado nos preços. A picape custa R$ 141.920 (é a picape mais cara do Brasil) e o SUV bate nos R$ 174.900 (mais que o novo Jeep Grand Cherokee diesel). As versões mais simples também estão longe de ser uma pechincha, mas mesmo assim seguem vendendo bem.
O sucesso, no caso, vem da confiança do consumidor na marca, ainda mais no nicho das picapes, que exige resistência de todas as partes do veículo. Nesse ponto a Toyota é respeitada como poucas marcas são no mercado. A Hilux, por exemplo, carrega há anos a fama de ser inquebrável. E realmente são raros comentários questionando a qualidade do produto.
Mas nada dura para sempre e a família Hilux atual, lançada em 2004 no exterior, já não é mais a menina dos olhos no segmento tampouco o expoente da turma. Isso já é algo que somente uma nova geração conseguiria alcançar e não a função da reestilização. Boatos apontam o lançamento da linha totalmente renovada apenas para 2014. É bom a Toyota caprichar, pois a concorrência não vai dar mole nos próximos anos.