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segunda-feira, 30 de julho de 2012

Toyota Hilux Flex não compensa


O motor flex é um recurso muito relativo quando se busca economia de combustível e redução de emissões de poluentes. Funciona bem em blocos pequenos, como 1.0 ou 1,6 litro, mas muda completamente em propulsores acima dos 2 litros, a ponto de o consumo exagerado não compensar a vantagem ambiental do etanol em poluir menos. Imagine então um propulsor bicombustível que beira os 3 litros de deslocamento?


Em tempos de downsizing, a tendência mundial da indústria por motores pequenos tão eficientes em performance quanto propulsores maiores, a Toyota ataca no segmento das picapes grandes com uma Hilux equipada com motor 2.7 16V flex capaz de gerar 158 cv com gasolina e 163 cv com etanol. Trata-se do maior propulsor quatro cilindros bicombustível em produção no mundo. E isso não é e nem deve ser motivo de orgulho ou assunto para exaltar em propagandas, tanto que a fabricante mantém o pé no chão e, para não arriscar a pele de seu produto, não divulga informação alguma sobre consumo.


Mas não adianta, o consumo desta Hilux é assustador. Se o marcador de consumo instantâneo passar dos 10 km por litro (mesmo com gasolina) aposte na Mega-Sena, pois é um momento de rara sorte a bordo deste gigante de 1.700 kg. Durante a avaliação do iG Carros, o modelo, abastecido com etanol, esboçou marcas na ordem de 4 km/l em trânsito urbano e meros 6,5 km/l na estrada, segundo números do computador de bordo, sempre respeitando os limites de velocidade máxima das vias.


Colabora ainda o fato de a camionete vir com câmbio automático de apenas quatro marchas, o que limita o esforço do motor e o desempenho do veículo, que parece “amarrado”. As marchas são longas, especialmente a primeira e a segunda, ao passo que a última engrenagem não é longa o suficiente para fazer o modelo rodar em velocidade de cruzeiro com conta-giros abaixo de 3.000 rpm. E falamos da versão SR, com tração 4x2 – a série SRV é 4x4, logo gasta mais.

Mula de carga

A real vocação da Hilux (e de qualquer picape) é carregar pesadas cargas na caçamba, por isso ela vem equipada com uma robusta suspensão traseira com feixe de molas e barra estabilizadora, como em um caminhão. Conforme números da Toyota, a picape pode levar até 775 kg, o que não é uma capacidade tão impressionante para um modelo deste porte. A Ford Courier 1.6, no “andar” debaixo das camionetes, comporta 700 kg.

Por conta da suspensão muito dura, a Hilux pula como um “cabrito” em pisos irregulares, especialmente quando não carrega nada na caçamba – um peso extra no compartimento alivia essa sensação, mas também aumenta consideravelmente o consumo de combustível.

A outra “carga” que a Hilux leva são “pessoas”, e isso ela faz bem. O espaço interno, na versão SR cabine dupla, é uma das virtudes do veículo da Toyota, que também conta com bancos confortáveis e um eficiente e silencioso sistema de ar-condicionado manual.

Do pioneirismo a defasagem

A atual geração da picape, que no final de 2011 ainda recebeu um facelift, foi um modelo pioneiro em estilo, conforto e capacidades no mercado brasileiro. Quando chegou ao País, em 2005, relegou os modelos Ford Ranger e Chevrolet S10, então nas linhas anteriores e líderes de mercado, às trevas da tecnologia e design da categoria. Mas o tempo passou e a Toyota pouco fez neste período, diferentemente de seus concorrentes, que, inspirados no modelo japonês, criaram produtos superiores. Em outras palavras, a Hilux parou no tempo.

O design da carroceria e cabine é o que se pode chamar de espartano, com elementos simples e materiais de acabamento que já não agradam como antigamente. A reforma estética da linha 2012 até entregou uma sobrevida ao modelo, que ficou parecido com o sedã de luxo Camry, mas comparado aos principais rivais o veículo da Toyota fica para trás.

O ideal para picapes é o motor diesel, pois ele tem mais torque em giros baixos e o combustível queima de uma maneira mais econômica (passa fácil dos 10 km/l), mas o veículo se torna muito mais caro. A Hilux SR diesel custa R$ 114.310, uma diferença de R$ 29.390 para o modelo flex que o iG avaliou, que parte de R$ 84.920. Tal cifra, porém, ainda é superior à praticada por GM e Ford com os novos modelos S10 e Ranger.

Sendo assim, a Hilux flex é um veículo que sorve combustível de forma abusiva, é mais cara que os concorrentes, está defasada em design e tecnologia e tem custo de manutenção alto. Ainda assim continua sendo um Toyota, uma marca que preza pela qualidade e pelo pós-venda. Compensa por um lado, pelo tratamento da marca com o cliente, mas passa longe quando o assunto é performance. Que venha logo a próxima geração!
Fonte: iGCarros

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